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NOTA TRAT PRECOCE

 

  O Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ vem por meio desta se manifestar em defesa da tomada de decisões com base em evidências científicas em relação ao tratamento da infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

  Nos últimos tempos, são frequentes as notícias veiculadas, principalmente por meio da internet, sobre tratamentos precoces supostamente curativos para pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 que, lamentavelmente, não seguiram as melhores práticas científicas.

  É fundamental que um médico tenha conhecimento e se utilize de regras bem estabelecidas para a produção, divulgação e aplicação do conhecimento científico antes de indicar qualquer tratamento. É necessário priorizar a segurança do paciente. Nenhum médico deve indicar medicamento sem que haja comprovação de que seja mais eficiente do que nada fazer, seguindo o princípio hipocrático de jamais causar dano. É importante que tenham sido avaliados os efeitos a curto, médio ou longo prazo. Esses efeitos só podem ser verificados em pesquisas que sigam determinados procedimentos padronizados, aceitos por toda a comunidade científica nacional e internacional. Além disso, os resultados de qualquer pesquisa devem ser publicados em revistas científicas de ampla circulação, idealmente revistos por experts na área, para que possam ser avaliados por seus pares, sociedades médicas, instituições de ensino superior e conselhos profissionais, antes de serem recomendados para uso rotineiro.

  Ressaltamos que a responsabilidade por danos ocasionados aos pacientes será sempre do médico que receitou e os acompanha, não do médico que emitiu sua opinião sobre o tratamento. Eis um bom motivo para que se incorpore à prática clínica diária apenas medicamentos que tenham eficácia e segurança comprovadas.

  Até o presente momento, não há medicamentos que evitem a infecção pelo SARS-CoV-2 ou que evitem a evolução para os quadros mais graves da doença causada por ele, a COVID-19. As medidas que possuem comprovação científica para a prevenção de infecção pelo coronavírus (Sars-Cov-2) são o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização de mãos. Estas medidas reconhecidamente salvaram, salvam e salvarão muitas vidas, até que a maioria da população esteja vacinada.

  A COVID-19 gera medo, incerteza e um desejo premente de encontrar medidas para combatê-la. O momento é de emergência? Sem dúvidas que sim. No entanto, não se pode abrir mão de princípios éticos e seriedade, priorizando a segurança de nossa população.

  O Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ defende que o caminho da ciência é o único que pode evitar mortes desnecessárias e danos injustificados provenientes de tratamentos sem eficácia comprovada. Apenas o caminho da ciência é capaz de gerar frutos permanentes no que se refere ao agir do ser humano, particularmente durante este período que representa o maior desafio à saúde dos últimos 100 anos.

 

Rio de Janeiro, 23 de março de 2021

Professores do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ

 

 

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